sábado, 17 de novembro de 2007

Ao ponto que nós chegámos!


Epílogo
Aqui há coisa de uma dezena de anos, mais coisa menos coisa, tive conhecimento de um facto que só agora, a esta distância temporal e com a coadjuvação sempre reconfortante da tertúlia habitual, nestes tempos mais recentes, consegui finalmente arquivar. Encerrei agora a questão o capítulo, o que quiserem chamar-lhe.
Os nomes dos visados são irrelevantes e, como dizem no final daquelas novelas que nos inundam as televisões, “qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência”, podemos mesmo baptizá-los de Serafim e Felismina.


Ora, ia o Serafim muito bem, pensando em como poderia salvar o Mundo, espalhando de forma indiscriminada o Bem (bem, indiscriminadamente, não era bem assim; paneleirices, não!), quando a Felismina aparece com a história de “Ah e tal, queria um relógio daqueles ali daquela montra”.
O Serafim aproximou-se da montra - uma montra daquelas lojas que quase se tem de pagar para se ler o reclamo - ao observar, sem grandes demoras, a “qualidade” da respectiva etiqueta, chegou à conclusão que aquela moça não se estava a sentir muito bem, de cabeça para cima.
O medidor em causa, sim porque é um medidor, era daquela marca Geralmente Ufana e Com Custos Irritantes e fazia-se pagar por pouco mais de duas centenas e meia de contos de réis.
Duas centenas e meia de Donas Marias. Duzentos e sessenta e dois contos e uns pelinhos, para ser mais preciso.
O Serafim, que até simpatizava com os italianos (mais com as italianas, eheh), como bom discípulo, foi consultar a sua douta consciência, eu, relatando o sucedido, num italiano tão rápido, que mais pareciam a verbalização pornograficamente imprópria do que lhe ia na alma.
O resultado foi óbvio, ele que auferia mensalmente metade do valor da utópica oferenda, no seu ofício apolonio, nem pensou duas vezes e meia: era mais fácil o começar a sentar-se antes dos outros se levantarem, do que comprar aquele relógio. Não houve relógio para ninguém.
A partir dessa altura, claro está, o Serafim foi deixando de tocar na borracha.


Prólogo
Deste episódio podemos tirar várias conclusões:
- ele há mulheres que, na evidente falta de um ponto “G”, no sítio devido, sentem necessidade de o exibirem no pulso, embora, duma forma ou de outra, não saibam muito bem para que é que aquilo serve;
- ele há mulheres que não sabem que qualquer coisa não deve ser só agradável à vista e ao toque, mas também funcional (mais ao toque que nem à vista, é verdade);
- ele há mulheres que deviam emprestar mais valor aos proveitos físico-espirituais do que aos proventos físico-materiais;
- ele há mulheres que comprariam um ponto “G”;
- mas, pelos vistos (mais tocados, eheh), ele ainda há mulheres que têm tudo no devido sítio.

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