quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

ADSE


A D.Eufrásia era uma senhora reformada, de boas criações e costumes prudentes, como apanágio de boas famílias. Estava desposada, em primeiras (e únicas) núpcias pelo Sr. Aristides, oriundo da província, de bons princípios, mas costumes agrestes e algo despropositados para essa combinação que, na altura, foi vista com algum desagrado. Um matrimónio de décadas.
Como se não bastasse o desconforto de ter de mudar de hábitos e lugares, certo dia, dirigiu-se, na companhia do seu “apêndice matrimonial”, ao novo consultório do seu novo médico de ginecologia. Consulta de rotina.
Quando chegou à sua vez, a senhora entrou e o cavalheiro ficou a aguardar, na sala de espera, folheando rosadas revistas, daquelas que tratam das importantes episódicas querelas travadas em horário nobre da TV.
Em plena consulta, deparando-se com uma nova paciente, e para reunir todo o conhecimento considerado imprescindível, o jovem médico perscruta, de forma polida, o seu historial clínico.
Depois de várias perguntas e respostas a desinformada senhora viu-se confrontada com a pergunta “A D.Eufrásia costuma ter orgasmos?”. Esta interpelação deu origem a um silêncio de dúvida, ao que a senhora retorquiu “Espere só um pouco que vou perguntar ao meu marido. Não demoro.”
A sala de espera abarrotava de maleitas e de mais alguns “apêndices” cansados das revistas e já nos braços de Orfeu.
De um lado ao outro da sala, e porque não havia tempo a perder que o Sr. Doutor não podia esperar, arremessou a pergunta ao seu mais-que-tudo “Ó Aristides, eu costumo ter orgasmos?”. Ele, caindo dos braços de quem o embalava, mas querendo para lá voltar, respondeu, do alto da sua doutrina “Esta mulher é parva, tens lá agora isso, tu tens é a ADSE…!".

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