sábado, 1 de setembro de 2007

Camarinha do Zêzere

Tenho amigos. Fico muito feliz por isso.
Sou de trato fácil. Penso eu, sem falsas modéstias.
E vendo bem as coisas até é bom porque, de alguma forma, este sentimento nos induz a sermos assim realmente, embora se tenham de salvaguardar as devidas excepções.
Por isso sei que tenho amigos. Amigos dos mais variados géneros e para os mais variados fins. Sim porque não são todos iguais.
Mas gostaria de destacar um que fiz há coisa de uns sete anos, desde que me mudei para onde resido actualmente. Conhecemo-nos por imposição profissional e essa amizade “saltou” para as vivências extra-profissionais, crescendo e reforçando-se cada vez mais com o passar do tempo.
Num destes dias, dei por mim a pensar nisto e cheguei à conclusão que a nossa relação é quase familiar: para ele, eu sou o seu irmão que nunca teve (mais novo) e para mim ele é o irmão mais velho que não tenho. Com todas as “obrigações e requisitos” que cada posição exige a cada um, em função do outro.
Por já termos passado juntos, durante todo este tempo, por várias situações, apertões, confissões, alcatrões, garrafões e outras tentações, a grande maioria delas, boa, acho que é mesmo isto. Somos quase, quase irmãos.
A última situação não aconteceu há muito e foi agradavelmente delirante.
Estava em minha casa, acompanhado por este amigo e a minha camarada de insónias, numa das muitas tertúlias que lá tenho o enorme prazer de organizar, com uma bebida por companhia, a discutir a solução para todos os males do Mundo, quando decidimos, por um qualquer motivo, pedir a opinião de determinado assunto ao Roberto. Sabíamos de antemão que este meu conviva tinha cortado relações com o Roberto (as conversas entre eles deixavam o meu amigo mole e sem sensibilidade), mas pronto falámos só nós.
Ainda lhe pedimos a opinião umas quantas vezes, e o meu amigo nada, nem lhe dirigia a palavra, nem sim, mas também nem não. Mas como esta história de falar e ouvir, e ouvir e falar tem muito que se lhe diga, todos acabámos a noite convencidos que tínhamos tido um trabalhão, mas conseguimos encontrar a solução para alguns dos males, o que nos deixou extremamente alegres, contentes e com a sensação de dever cumprido.
Até que o meu amigo decidiu involuntariamente adoptar, por outras vias, alguns dos raciocínios vaticinados pelo Roberto, o que o deixou também muito feliz.
Como não conseguimos resolver tudo, p'rá próxima vamo-nos dedicar a outro assunto. Talvez possamos ver o que podemos fazer pelos nossos políticos.

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