segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Descuido compelido

Temos por vezes descuidos, é verdade.
Na maioria das vezes sabem-nos bem, outras vezes é apenas uma desculpa, a do descuido, mas invariavelmente alivia-nos e, em algumas situações, provocado ou involuntário, deixa-nos embaraçados se estivermos acompanhados: “Ah e tal, peço desculpa, mas o meu esfíncter tem andado um pouco rebelde. Talvez seja melhor chamarmos o INEM para assistir o Carlos, que é um pouco fraquito dos pulmões.”.
Pura desculpa. Já sabíamos que estávamos “à rasca” para aliviarmos a pressão intestinal, mas decidimos tirar partido da situação e martirizarmos até ao desmaio o gajo que papou a última empada de galinha que estava na mesa. “Ah é?! Pois agora nem vais ter tempo de a saboreares.”.
Ou então (também muito eficaz) alivia-se a pressão da tripa ao pé do mesmo gajo e, se heroicamente não chegar a desmaiar, pode-se sempre atirar com a autoria do feito para o mesmo mamífero.
E com a prática, desenvolvemos estratégias admiráveis, algumas delas exclusivas, que alongariam em demasia esta cogitação.
Mas há mesmo descuidos irreflectidos. Acredito que sim.
Numa destas noites de “triálogos” com o amigo Roberto, cheguei à conclusão que por vezes o descuido também pode ser compelido. É verdade.
Após várias investidas na dissertação robertiana, um dos membros desta tertúlia, lembrou-se que estava na hora de saciar o seu apetite com uma iguaria olisiponense e, distraída com o calor da conversa, compôs uma nova variante para este acepipe, que mesmo sem o degustar, ofereceu quase de imediato ao reservatório dos resíduos sólidos.
É o que se vê. Podia ser pior.

Nenhum comentário: