sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Uma questão de género.

Há uma merda que me anda a chatear (chatear que é como quem diz) a cabeça já há algum tempo. Não me faz muita mossa, mas é uma questão que gostaria de ver resolvida. Não que a sua resolução traga alguns benefícios de grande relevo ao curso normal das nossas vidinhas, mas acaba por, de alguma forma, nos deixar uma decisão algo pantanosa no momento de escolher e utilizar, no âmbito desta nossa língua riquíssima (expressão que também poderá dar pano para mangas) o género para um género alimentar (cá está, género): tomate.
Já tenho ouvido várias versões, mas continuo a pensar, talvez erradamente, que a minha é a que está certa, digo eu.
A(s) tomate(s), fruto do tomateiro, embora impropriamente considerado como legume pelos leigos, muito utilizado na cozinha mediterrânica. Género feminino;
O(s) tomate(s), geralmente utilizado no plural, visto, de uma forma mais vernácula e popular, fazer referência aos testículos, gonada sexual masculina dos animais sexuados produzindo as células de fecundação, chamadas de espermatozóides. Género masculino.
Ainda que me digam que estou errado e mo comprovem por A+B, continuo a considerar estranho dizer a um gajo, no momento de fazer uma salada ou um gaspacho e armado com uma faca "Epá, passa-me aí os tomates para pôr aqui". Se me dissessem isso a mim até era capaz de responder "Foda-se, é o dás. Mete os teus, olha que caralho!".
E mesmo que não responda, pensa-se sempre qualquer coisa de carácter menos gastronómico, do género a companheira perguntar "Amorzinho, trouxeste os tomates que eu te pedi?" e nós respondemos "Sim, amorzinho, claro que trouxe.", se bem o que nos apetece responder ou pelo menos pensamos é "Oh amorzinho, ando sempre com eles, como tu sabes, eheh." ou "Não, não trouxe os que pediste, mas trouxe os meus que são melhores, eheh" ou ainda "Não, amorzinho, os que pediste não havia, trouxe foi de porco...". E por aí fora.
Em resumo o que eu penso é que se fôr no feminino nos estamos a referir à tomate para alimentação, culinária, gastronomia; no masculino, os tomates, nos estamos a referir aos ditos, vulgo colhões.
Até é melhor assim, para não desviar certas conversas que se pretendem mais sérias, para uma segunda intenção mais erótico-pornográfica.
Os espanhóis é que têm verdadeiros problemas com estas merdas. Para eles los cojones são los huevos (ovos). Aí é que não há fuga possível com o género.
Chega inclusivamente a sobrar para nós, portugueses.
Tenho um amigo que precisou de comprar ovos, em Espanha, entrou numa loja e dirigiu-se muito educadamente à senhora, perguntando "Tiene huevos?", ao que a senhora lhe respondeu com um ar elucidativo "Yo no, pero mi marido si. Dos tiene."

Um comentário:

Lucifer disse...

É, são os cabrões dos Espanhóis uma resposta como deve de ser era.

- Então vai lá buscá-los que quero fazer uma omeleta.

Quando tenho a azar de para em Espanha para cagar, pois é só o que faço lá. Gosto de comprar merdas só para pedir para embrulhar. Para eles embrulhar = foder. Eles dizem sempre "envolver en papel?". "Não caralho, embrulha lá essa merda e cala-te!"