sábado, 4 de agosto de 2007

A Luz

Pois é, caso não saibam, é mesmo verdade. Grande parte dos diálogos que mantenho com o Roberto fazem com que alguns raciocínios se clarifiquem, com que algumas ideias se arrumem, outras se desarrumem para se voltarem a arrumar e algumas certezas apareçam, não muitas, mas aquelas que fazem falta, pelo menos a mim.
Passaram já alguns dias, desde que, em conversa com o Roberto, fui iluminado com uma coincidente e curiosa reflexão. Pois essa reflexão foi sazonando ao longo destes sóis e destas luas de ócio, que teimam em passar tão rápido. Alourada de alguma forma pela fiel e oportuna intervenção do Roberto, é certo, mas criada na sua génese pelo autor destas linhas.
O produto final chegou-me hoje, em altura de recreio rodoviário, assim “Buum”. Mesmo assim. Naquela altura em que se pensa em tudo e em nada, vamos pensando apenas, para exercitar o conteúdo craniano. E atingiu-me como um raio, que me ia partindo e que sempre esteve ali à minha espera, espreitando com toda a paciência do mundo, à espera que eu concluísse o raciocínio.
Posso-me gabar e auto congratular de sempre ter tido mulheres, ao longo da minha (relativamente curta) existência. Vêm e vão. Sem intenção jocoso-erótica de trocadilho. Umas quase que antes de chegar já se foram embora; outras vêm, ficam algum tempo, que é sempre relativo, e vão. E depois há ainda aquelas mulheres que têm um lugar cativo. Um lugar muito especial nos nossos sóis, nas nossas luas (claro), nos nossos corações, nas nossas cabeças e em praticamente tudo o que fazemos.
E aqui o “grupo” divide-se em dois: A Mãe (como não podia deixar de ser) que já lá estava quando nascemos e que permitiu que tivéssemos esse lugar para ela e A Mulher (como também não podia deixar de ser), aquela que é nossa e nós somos dela, agora, neste momento, namorada, companheira, esposa, sem distinção.
Pois foi mesmo aqui nesta altura, que o raio do raio me acertou. Porra, mesmo em cheio.
Em data de coincidentemente ter de, com todo o agrado e felicidade (e algumas prendas à mistura, como compete), parabenizar estas duas pedras basilares da minha existência, explodiu-me na cabeça uma torrente de ligações, já estabelecidas pelo efeito do raio, que iam escavacando o tal recreio rodoviário, entre as quais orgulhosamente destaco uma, muito simples: a luz.
É a luz!
É a luz que me liga a elas duas.
Não o fenómeno físico que observamos todos os dias ou que artificialmente nos mostra o caminho a seguir, qualquer caminho.
É aquela luz que nos foi mostrada à nascença, quando nos pariram (é esse o termo), quando nos deram à luz, e quando ao longo dos anos, e enquanto vivam, nos foram e vão iluminando o caminho, enquanto não temos luz própria, para não tropeçarmos ou cairmos, e mesmo quando isso acontece, lá estão. Lá estão. Incondicionalmente (com as devidas reservas, claro). Mesmo já com luz própria.
E a outra luz. Ai a outra luz… Aquela que nos ofusca cegamente. Ainda há relativamente pouco tempo se acendeu e já me deslumbra como nunca pensei que fosse possível. A luz dos nossos olhos, da nossa cabeça, dos nossos corações, dos nossos sóis e das nossas luas. Aquela para quem nós laboramos com tudo o que sabemos para a manter viva, bem acesa e cada vez mais brilhante e poderosa. Mesmo quando a nossa vacila, se vacilar, por uma qualquer razão, lá está. Lá está. Incondicionalmente (com as devidas reservas, claro). E nos dá vontade de continuar a lutar.
Pois estas singelas linhas vão para essas duas luzes, é a minha modesta homenagem ao seu brilho, à sua existência e ao seu papel como mulheres e como seres humanos. Mais palavras faltariam para as descrever, é certo, mas aqui fica a minha declaração de incapacidade, de até me faltarem as palavras. Ficará para outra conversa.
Quero mantê-las acesas, bem acesas, por muito tempo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Entao nao te esquecas de pagar a conta de electricidade!